Criança nepalesa agredida: PGR confirma receção de denúncia e abre inquérito-crime

Procuradoria-Geral da República (PGR) confirma, esta quinta-feira, “a receção de uma denúncia” sobre o caso de agressão à criança nepalesa de 9 anos, agredida numa escola da Amadora, esclarecendo no entanto “que dela não consta informação relativa à nacionalidade da vítima”

Francisco Laranjeira
Maio 16, 2024
18:08

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirma, esta quinta-feira, “a receção de uma denúncia” sobre o caso de agressão à criança nepalesa de 9 anos, agredida numa escola da Amadora, esclarecendo no entanto “que dela não consta informação relativa à nacionalidade da vítima”.

“Nessa denúncia indica-se apenas a nacionalidade da mãe, a qual não é nepalesa”, explica a PGR, em comunicado enviado à ‘Executive Digest’. “Por não ser até agora conhecida a concreta idade dos autores da factualidade denunciada, foram instaurados um inquérito tutelar educativo e um inquérito-crime.”

De acordo com a PGR, “o inquérito tutelar educativo (ITE) encontra-se previsto na Lei Tutelar Educativa, quando estão em causa factos qualificados pela lei como crime, praticados por menor(es) entre os 12 e os 16 anos”, referindo também que “poderá posteriormente vir a justificar-se a instauração de processo de promoção e proteção (caso algum/alguns do(s) eventual(is) agressor(es), à data dos factos, não tivesse(m) completado 12 anos)”.

O caso veio a público através de Ana Mansoa, diretora executiva do Centro Padre Alves Correia (CEPAC), que relatou que um menino nepalês, de apenas 9 anos, foi alvo de um “linchamento” por parte de colegas numa escola da Amadora.

A responsável conta o episódio à ‘Rádio Renascença’: “O filho de uma senhora acompanhada pelo CEPAC, que tem nove anos, e que é uma criança nepalesa, foi vítima de linchamento no contexto escolar por parte dos colegas. Foi filmado e divulgado nos grupos do WhatsApp das crianças.”

O incidente, ocorrido aproximadamente há dois meses, deixou não apenas marcas físicas, mas também cicatrizes emocionais profundas na vítima e sua família. O menino ficou com “hematomas pelo corpo todo” e “feridas abertas”, que foram tratadas pela mãe, que temeu procurar ajuda médica, e também não apresentou queixa à polícia, por “medo” e temendo represálias.

Surgem também suspeitas alarmantes de motivações xenófobas e racistas no ataque à criança. As palavras de ódio proferidas pelos agressores, como “vai para a tua terra” e “tu não és daqui”, ecoam a discriminação étnica. Ana Mansoa acrescenta: “Esta mãe, por medo, acabou por preservar o filho em casa e tratar dele.”

O Centro Padre Alves Correia (CEPAC), responsável pela denúncia das agressões a criança nepalesa de 9 anos numa escola da Amadora, já garantir, esta quinta-feira, ter “transmitido informações” às autoridades competentes sobre o caso, apesar de o Ministério da Educação ter afirmado que desconhecia a agressão.

https://executivedigest.sapo.pt/noticias/associacao-responsavel-pela-denuncia-da-agressao-a-crianca-nepalesa-garante-ter-informado-o-ministerio-publico/

https://executivedigest.sapo.pt/noticias/devia-obviamente-ter-havido-intervencao-apav-preocupada-com-escola-que-nao-reportou-linchamento-de-menino-nepales/

https://executivedigest.sapo.pt/noticias/crianca-nepalesa-agredida-em-escola-governo-vai-reforcar-policiamento-para-prevencao-de-crimes-de-odio/

https://executivedigest.sapo.pt/noticias/crianca-nepalesa-de-9-anos-alvo-de-linchamento-em-escola-de-lisboa-pais-nao-apresentam-queixa-por-medo/

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